Almeida é um cidadão que nunca apareceu na TV. Ele é médico, cirurgião. Passa quase 12 horas dentro de um centro cirúrgico e eventualmente dá aulas aos alunos do hospital universitário onde atua. Costuma ser objetivo ao ponto da rispidez; retruca ofensas com a mesma moeda. Grosso, incisivo, mal-educado, seja lá como você chame: Almeida é verbalmente agressivo, já fez alunas chorarem.
O personagem fictício do parágrafo acima possui no seu mapa natal o sol na casa 12 em oposição a marte. O sol é a fama que o nativo tem; se aflito por marte, como é o caso, isso indica que sua reputação inclui a agressividade ou a pessoa é conhecida por manipular de instrumentos cortantes e ígneos. Pois no caso do nosso amigo, ambas as coisas acontecem. Um cirurgião com exímia técnica; um grosseirão antipático.
A história de Almeida poderia ser a de qualquer um, até mesmo de um famoso. O sol não é o único indicador de fama, mas ele é imprescindível na análise. Através dele, sabemos meios pelos quais a pessoa terá fama. É comum observarmos um sujeito ter um revés de sorte através de um grupo ou de um amigo influente, e quando analisamos seu mapa não é surpresa emcontrarmos o sol na casa XI, como foi o caso de Robert Zoller.
Robert Zoller é conhecido hoje por ter criado o primeiro curso de astrologia medieval por correspondência e o único que não mistura técnicas modernas com medievais. Até o início da década de noventa (1993, presumo), ele não passava de um excelente astrólogo de Nova York, que usava técnicas medievais e a interpretação baseada nas regras de Morin de Villefranche. Pois no ano de 1992 ele conheceu dois homens que mudariam sua fama, fundando o Projeto Hindsight.
Com alguns anos, Zoller conseguiu um grande renome e foi mais além, saindo do projeto devido a conflitos que até hoje não foram muito bem explicitados pela mídia. É importante mostrar que essas brigas também fazem parte da fama de Zoller, pois seu sol em Aquário recebe uma conjunção de marte e uma oposição de Saturno. A briga, as questões judiciais, as perdas, tudo ficou sob a mira dos holofotes da comunidade astrológica.
A história de Zoller e a do fictício Almeida divergem apenas na amplitude da fama. Enquanto Almeida é conhecido num círculo restrito às paredes de um hospital, Zoller tem prestígio mundial da comunidade astrológica. Muitas pessoas confundem a fama com sua amplitude. Todos tem uma fama, pois não vivemos isolados uns dos outros, dentro de bunkers. O sol brilha, seus raios batem na nossa pele e a luz é refletida: nós sempre nos mostramos, seja na rua, dentro de casa ou nos palcos, e é disso que o sol fala. A grande diferença reside na amplitude da fama, que faz com que a fama de Elvis Presley seja bem maior que a do porteiro do seu prédio.
Existem um conjunto de técnicas medievais que procuram sondar o quanto a pessoa será famosa: a tal “amplitude” que citei a pouco. Firmicus Maternus analisava se o regente do domicílio e o regente do termo da Parte da Fortuna se encontravam muito próximos da cúspide das casas angulares. Isso indicaria um sinal de fama. Existem outras técnicas que analisam o mapa como um todo, como a Doriforia, a serem citadas noutra ocasião.
A despeito da amplitude, a análise que fizemos do Sol neste artigo nos traz uma reflexão: a astrologia de lazer contida nos jornais é conhecida pela supervalorização desse astro. Se tentarmos conjugar a interpretação medieval com a moderna, o que se faz nos jornais é mostrar como as pessoas são conhecidas, e não o que elas realmente são. Só poderemos saber como é Almeida e nos tornarmos íntimos dele. Talvez a sua família tenha outro julgamento dele, mas isso não é papel do Sol.
Rodolfo, acho que o Zoller voltou para o hindsight né? Pelo menos parece que tem algo assim no site. Acho que foi agora em julho, se entendo direito…Abraços.Estou com vontade de ler o que vc vai escrever sobre as doriforias.