Astrosphera

Ancient astrological technics uncovered.

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As Casas da Morte.

Quando se pensa em morte na Astrologia Moderna, após uma série de desculpas e desembaraços para se lidar com o tema, vem a nossa mente a Casa VIII. Na Astrologia Medieval, essa também é a Casa usada para a questão, porém existem mais duas que tem participação na delineação da morte: As Casas IV e VII. Como muitas coisas dos livros antigos, elas são citadas porém não são explicadas. Tal qual um rabino dedicado ao estudo do Torá, temos de buscar algum sentido para aquilo se quisermos “digerir” os aforismos. Caso contrário, estes passarão incompreensíveis ao nosso entendimento.

A Casa VII é o lugar onde os planetas se põem, e portanto guardam uma representação simbólica de morte. Autores gregos também consideram planetas na VII como representantes de eventos que acontecerão no fim da vida do nativo.

A Casa IV marca o fim de um ciclo, pois a partir dela o planeta volta a “subir” rumo ao Ascendente. Muitos autores usam a Casa IV para simbolizar as coisas que acontecem ao nativo depois que ele morre, bem como o seu processo de “desencarne”.

Perceba que há algum sentido para considerar as duas Casas citadas como representantes da morte. Bem ou mal, elas representam o fim de um ciclo: A VII o fim do dia e a IV o “cume” da noite. Fazendo o mesmo exercício com a Casa VIII: se quiséssemos estabelecer uma ligação entre a disposição espacial da Casa VIII e sua simbologia, ela seria mais fraca que as relações encontradas nas Casas VIII e IV. De fato, na Casa VIII o sol começa a perder seu brilho, mas isso é bem diferente de morrer. O sol ainda brilha lá. Considerando essa observação, a Casa VIII poderia representar a senilidade, mas não é o que os autores falam. Por que há, então, o uso disseminado da Casa VIII para representar a morte?

Alguns autores respondem de um modo razoavel a essa questão: há registros de um sistema de divisão celeste em 8 Casas anterior ao sistema de 12 Casas atual, na qual a última representaria a morte do nativo. A grosso modo, essa “Casa 8” compreenderia o espaço entre as Casas 11 e 12 atuais. Com razão, esse sistema antigo era chamado era chamado de Oktopos. Com a mudança do sistema de 8 para 12 Casas, a Casa VIII manteve o significado soturno, mas ocupa um espaço diferente na disposição espacial do sistema: ao invés de continuar onde hoje ficam as Casas 12 e 11, ela fica acima da Casa VII.

Após essa retrospectiva histórica, a pulga da praticidade vem nos irritar: afinal de contas, qual das três Casas citadas (IV, VII e VIII) funciona melhor para questões mórbidas? Uma boa resposta será adquirida com a boa e velha prática. É preciso, porém, nos aproximarmos dela com alguma pré-concepção, de preferência algo fundamentado em autores anteriores. Baseado nos aforismos de autores árabes, o autor crê que todas as três casas possuam um papel na morte, e dá uma sugestão de como as Casas devam ser interpretadas:

  • Casas IV e VII: A elas normalmente se atribui o tipo de lesão que levou a morte, mas não a sua causa. Abubequer, autor árabe, diz que Saturno em signos de água na Casa IV em aspecto com maléficos pode representar morte por afogamento. Saturno tem uma grande conotação com água nos textos antigos. Soma-se a isso que a Casa IV, em termos espaciais, é considerada o lugar mais fundo do mapa, e por isso com tendência a acumular água. Quanto a Casa VII: Pululam aforismos nos quais a este setor representa morte por queimadura: segundo eles, é requerido que marte esteja nesta Casa em signo ígneo em aspecto com o Regente da Casa IV, o que nos traz uma importante observação: Como a Casa VII também representa mulheres, o autor sentia a necessidade de que um outro planeta representante da morte aspectasse o planeta ocupante da VII para que este representasse morte, algo que lembra o que foi discutido no post anterior.
  • Casa VIII: A Casa VIII não representa o tipo de lesão, mas sim a Causa primária da morte. Supondo que uma pessoa tenha sido assassinada por ter cometido adultério: A Causa primária da morte foi o adultério e esta é representada pela Casa VIII e seu regente; o tipo de lesão corporal que levou o nativo a morte é representado pela Casa VII ou IV e seus regentes. Além de representar morte, a Casa VIII é comumente encontrada em configurações na qual a pessoa não morre, mas passa por muita angústia. Normalmente esse detalhe passa longe das Casas IV e VII na prática usual.

Talvez seja interessante parar de se observar somente a Casa VIII e atentar para estas duas casas, normalmente dadas como pacatas.